A água batia forte nas pedras.
O casco
do barco não foi perdoado aquela noite pela forte tempestade de verão.
A
tripulação de um homem só tremia.
Suas
botas de chuva não adiantaram. Suas meias já estavam todas molhadas.
A noite
passava e o mar não dava descanso.
Mas foi
o silencio que o fez parar.
Suas
pernas que tremiam desmoronaram, e aquele doce som vindo do mar o chamou.
O som o invadira por completo e seus olhos fecharam, os lábios se curvaram e o pobre homem já implorava pela morte.
O som o invadira por completo e seus olhos fecharam, os lábios se curvaram e o pobre homem já implorava pela morte.
Seu
corpo era jogado de um lado para o outro de acordo com o balanço do barco.
Seus olhos
se abriram quando a água gelada tomou seu corpo.
Estava
sendo puxado para as terríveis águas tempestuosas.
Já não
tão furioso, o mar. Agora esquecera que não lhe era permitido respirar em baixo
d’água.
Seu
corpo ficou leve então.
E
voltando a superfície uma risada maléfica se misturou com outras vozes não tão
altas, e puxado novamente foi para dentro.
Mas
dessa vez eram várias mãos puxando e puxando-o para dentro da terrível escuridão.
Arranhavam
suas costas e sua barriga. Debatia-se desesperadamente para ser solto. Não
queria acabar em mãos terríveis como aquelas.
Seu ar foi
indo assim como sua força.
Forçou-se
a abrir os olhos.
E a água já não parecia líquida.
O rosto sorria e arrumava os
cabelos enfumaçados, tinha olhos negros como os daquela água. E seu sorriso ingênuo
o envolvia.
Levantou o braço e foi tocar a
bela criatura que logo que viu sua intenção gritou.
Gritou tão forte que o homem
sentiu sua alma vazando. Seu grito puxava toda e qualquer vida que lhe sobrara.
O sol
forçou-o a abrir os olhos e lá estava.
A água
estava clara, como se a tempestade nunca tivesse acontecido.
O farol
era seu único companheiro agora.
O
marinheiro não sentiu mais saudades de casa, nem de sua esposa.
Não
sentiu nem ao menos a consciência gritando-lhe que estava preso ali, sem seu barco.
Seu
rosto já não tinha expressão.
E tudo
que lhe sobrara fora seu corpo vazio, o qual permaneceu parado esperando dias e
noites para que as sereias voltassem com seu coração.